Mobilização na rede estadual
Próximo ato unificado do Cpers deve ser em Pelotas
Ideia é fazer com que professores e funcionários de diferentes pontos do Estado reúnam-se na terra do governador
A cidade de Pelotas será cenário do próximo ato unificado promovido pelo Cpers-Sindicato, no Rio Grande do Sul. A data ainda não está definida, mas a razão é fácil de entender: concentrar na terra do governador Eduardo Leite (PSDB) uma das mobilizações da greve iniciada no dia 18 deste mês. O manifesto da tarde desta terça-feira (26) levou milhares de trabalhadores à praça da Matriz, em Porto Alegre, ganhou adesão de outras categorias - municipários da capital e servidores federais - e terminou com ação da Brigada Militar (BM).
De um lado, o Cpers fala em truculência. Spray de pimenta, uso de cassetete e sete pessoas feridas; inclusive a presidente da entidade, Helenir Schürer. De outro, o governo do Estado apresenta imagens do circuito de segurança do Palácio Piratini e afirma que um grupo de manifestantes teria derrubado os gradis e tentado invadir o local. A confusão ocorreu no momento em que o chefe da Casa Civil, Otomar Vivian, recepcionava uma comissão do Sindicato que seria recebida por representantes do Executivo. O fato exalta ainda mais os ânimos, que já andam acirrados
"Estamos ganhando cada vez mais apoio. Já são mais de 210 Câmaras de Vereadores em cima da Assembleia Legislativa e tirando moções de repúdio ao pacote apresentado pelo governo", destaca o diretor do 24º Núcleo do Cpers-Sindicato, Mauro Amaral. A expectativa, inclusive, é pela chegada de nova redação do projeto de lei que prevê alterações no Plano de Carreira do Magistério.
Valor do salário básico e número de níveis e de classes devem aparecer entre as possíveis mudanças. Vários deputados da base do governo realizam estudos, ouvem especialistas e se debruçam em cálculos para tentar forçar um novo texto, já que é grande a pressão política pela derrubada do pacote protocolado no dia 13. Enquanto isso, a paralisação por tempo indeterminado se mantém firme, mesmo com o anúncio de corte de ponto de professores e funcionários de escola.
Reunião ganha tom de desabafo
Pela manhã, um encontro da Comissão de Educação da Assembleia Legislativa reuniu profissionais, pais e alunos, na capital. Em tom de desabafo, as dificuldades enfrentadas no cotidiano das escolas entraram em pauta. Fechamento de turnos, precariedade na estrutura física das instituições, falta de funcionários, péssimas condições de trabalho dos educadores, fechamento de bibliotecas e de refeitórios foram apenas alguns dos pontos apresentados, em diferentes vozes. A expectativa é de que os relatos possam chegar formalmente ao governo, em reunião a ser reivindicada pela presidente da Comissão, deputada Sofia Cavedon (PT).
Posições distintas
Em nota oficial, o governo repudiou publicamente os atos ocorridos na tarde desta terça, ao destacar que colocam em risco a integridade física das pessoas envolvidas, como dois policiais que também teriam sido feridos. A reforma em curso não é contra ninguém. Ela é a favor do futuro de um Estado que convive há décadas com uma crise que assola não apenas os servidores, mas principalmente os 11 milhões de gaúchos que aqui vivem - ressalta o texto de 21 linhas.
A categoria, por sua vez, é veemente, ao refutar o pacote defendido pelo governo, que atacaria severamente os educadores e a educação pública. Ao mencionar os cinco anos sem reajuste e os quatro anos de salários atrasados, a presidente do Cpers-Sindicato aproveita para fazer chamamento para que mais colegas se engajem à greve e lembra: "Seria cômico, se não fosse trágico: quem é que corta o ponto do salário que não paga?", questiona, confiante de que o jurídico da entidade conseguirá derrubar a medida do Governo Leite, para tentar esvaziar o movimento.
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